MPF recomenda à Direção-Geral da PF medidas para a prevenção e o tratamento de doenças mentais na corporação

Entre as medidas está a criação de uma comissão com profissionais para acompanhar psicologicamente os policiais e suas famílias. Ações têm 60 dias para serem colocadas em prática pela Polícia Federal.

O Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, recomendou à Direção-Geral da Polícia Federal, na quinta-feira (20), que sejam tomadas uma série de medidas para prevenir e tratar doenças mentais na corporação. O prazo para a adoção de providências é de 60 dias.

Caso a PF não coloque em prática as ações, uma ação civil pública será instaurada pelo Grupo de Controle Externo da Atividade Policial, do MPF, contra os dirigentes do órgão.

A recomendação foi proposta pelo procurador da República Eduardo Benones. O documento encaminhado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, surgiu a partir de um inquérito civil instaurado, em setembro de 2019, após a morte do papiloscopista Ricardo Ventura Cordeiro.

Ventura morreu no prédio da Superintendência da PF, no Centro do Rio. A suspeita é que ele tenha cometido suicídio. Nos três primeiros meses deste ano, outros quatro policiais federais morreram da mesma forma na superintendência.

“Por muito tempo esse assunto foi jogado para debaixo do tapete na instituição. A gente está preocupado com isso porque é uma doença silenciosa. A situação se agrava, já que os colegas não procuram assistência com medo de serem aposentados e perderem os rendimentos”, disse Willy Hauffe, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais.

Diante da situação, o MPF pediu que a Direção-Geral elabore ou mande elaborar estudos que viabilizem a expansão da assistência psiquiátrica e psicológica fornecida aos policiais federais em todo Brasil.

O pedido inclui que essa assistência seja implementada ainda em 2023.

No documento, o procurador Benones pede a implementação de consulta médica, de ordem psicológica, preventiva e obrigatória. Essa medida deve acontecer semestralmente, também em todas as unidades da PF no Brasil.

A PF, segundo pede o MPF, deve ampliar convênios com a oferta de serviços de atendimento psicológico aos servidores federais, extensivo às suas famílias.

Uma comissão multidisciplinar com a participação de profissionais da área de saúde como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, além de representantes dos sindicatos, associações e demais representantes dos agentes devem formar o grupo, que deverá se reunir de forma permanente para acompanhar a saúde dos policiais, peritos e de suas famílias.

O procurador Benones recomenda ainda a criação de um grupo de apoio às famílias para a detecção prévia de eventuais distúrbios e acompanhamentos após eventos traumáticos.
Fonte: G1.COM/RJ