PF esconde trabalho de Agentes em página oficial

Atribuída ao filósofo chinês Confúcio, a frase “Uma imagem vale mais do que mil palavras” expressa bem o momento que o Departamento de Polícia Federal experimenta. O órgão, sob o leniente olhar do Ministro da Justiça, mergulhou num poço sem fundo de corporativismo. Um lodaçal que submete toda e qualquer ação ao interesse das associações de alguns delegados de Policia Federal. Um fundo de poço em que a gestão do órgão foi sequestrada pelos grêmios associativos de apenas uma das categorias.

A imagem que simboliza este momento de pesar para uma instituição que deveria ter natureza republicana foi divulgada no dia 23/12, no perfil oficial da Polícia Federal no Facebook. Nela uma apreensão de ecstasy aparece adornada por um distintivo da PF. O detalhe, e bem sabemos quem aí habita, é que a expressão Agente Especial foi suprimida de forma grosseira por uma tarja vermelha.

É a falência do incentivo ao mérito pelo cumprimento da missão, pois trata-se de uma apropriação indevida do trabalho alheio. Se bem foi um Agente de Polícia Federal de classe especial que realizou a apreensão, que assim seja divulgado.

A tal imagem é exemplo maior de um comportamento que dia após dia, furta silenciosamente, a vocação de cada policial e aprofunda a crise que os gestores do DPF insistem em alimentar. Homenageados somente após a morte com o duvidoso batismo de embarcação ou com seus nomes e fotos dispostos na “Galeria de Heróis”, nossos colegas merecem o reconhecimento de cada vitória contra o crime.

Jamais garantir imorais regalias e privilégios fortalecerá uma instituição tão indispensável ao Brasil. Mais fácil é que esta sucessão de barbaridades signifique, sim, um enfraquecimento de nossa democracia. Afinal, é impossível uma instituição defender a legalidade, se não o faz dentro de seus próprios limites.

Aos agentes que realizaram a apreensão de ecstasy no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) no domingo, dia 21/12, nossos aplausos.

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